Após descobrir cisto, irmão de menina que vendeu quadros e arrecadou doações para o Gpaci recebe tratamento gratuito no hospital: 'Forma de retribuir'
11/01/2025
Ana Júlia pintou mais de 40 quadros para vender e arrecadar doações para o Gpaci, em Sorocaba (SP). Como forma de agradecimento, hospital decidiu oferecer o tratamento de forma gratuita para o irmão dela. Thiago, David e Ana Júlia vivem juntos em Sorocaba (SP)
Arquivo pessoal
"Fazer o bem sem olhar a quem". Provavelmente você já deve ter ouvido essa frase ao menos uma vez na vida. Apesar de soar um pouco clichê, ela pode, de fato, despertar a compaixão e a gentileza dos seres humanos.
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Foi pensando nisso que Ana Júlia de Oliveira decidiu ajudar o Grupo de Pesquisa e Assistência ao Câncer Infantil (Gpaci), de Sorocaba (SP), em março de 2023. Na época, aos oito anos, ela pintou mais de 40 quadros para vender e arrecadar doações para o hospital.
Doações foram entregues ao Gpaci de Sorocaba
Arquivo pessoal
Depois que as doações foram entregues, a família de Ana Júlia descobriu que o irmão dela, David Ícaro de Oliveira, estava com um cisto ósseo na perna. Apesar de ser uma condição benigna, que não oferecia risco de vida para o jovem, ele teve ajuda para o tratamento do lugar que recebeu as doações da irmã: o hospital Gpaci.
"Eu estava andando e dei um mal jeito na perna. Depois, fiquei com a dor por alguns dias. Com isso, decidimos ir ao médico, porque o incômodo não passava. A primeira vez que eu fui, o médico passou apenas a medicação. Na segunda vez, tiramos um raio-x, que revelou o cisto ósseo, e o profissional de saúde disse para passarmos por um especialista oncológico'', relembra David.
David precisou fazer mais de um exame para descobrir o que tinha de fato
Arquivo pessoal
Ao g1, o pai de Ana Júlia e David, Thiago William de Oliveira, contou que, quando soube da condição do filho, fez orçamentos com diversos hospitais de Sorocaba e da região, mas que o valor era muito alto para o tratamento. "Eram cerca de R$ 20 mil para fazer uma biópsia óssea, fora os acompanhamentos e outras coisas", conta.
Foi então que Thiago decidiu recorrer ao Gpaci, e fez uma ligação para o hospital.
"Eu perguntei para a atendente se ela se lembrava da minha filha e ela respondeu que sim. E aí, quando eu menos esperava, ela pediu para que eu levasse meu filho no dia seguinte para o tratamento. Ela disse que tinha conversado com o interno do hospital e que eles confirmaram que o David passaria por um acompanhamento sem precisar precisar pagar nada, como uma forma de agradecimento", diz.
Menina pintou quadros para ajudar a arrecadar doações ao Gpaci de Sorocaba (SP)
Arquivo pessoal
"Minha história e a da Ana Júlia se encontraram. É um sentimento de muita gratidão porque, se fôssemos depender do atendimento gratuito, demoraria muito", diz David.
"Para ser sincero, acredito que, na verdade, era Deus usando a Ana Júlia, já que o irmão ia precisar de um tratamento. Ela ajudou tanto os jovens com câncer quanto seu próprio irmão. Não tem preço saber que uma criança, que ainda é sua filha, fez algo tão grandioso assim", afirma Thiago.
'Tradição de bondade'
A família de Ana Júlia é marcada por uma "tradição de bondade". Thiago é diretor de um projeto social chamado Sueli Oliveira, o nome da falecida mãe dele, em homenagem aos trabalhos beneficentes feitos por ela durante 37 anos.
E foi com este exemplo que Ana Júlia decidiu criar o próprio projeto. Atendendo a pedidos e também usando a criatividade nos desenhos, a menina produz imagens diversas, como paisagens, árvores, avião e até dinossauros. Ao g1, ela contou como tem sido esse processo.
"Estou gostando muito de ajudar as pessoas. Desde pequena, eu vejo ele [Thiago] fazendo as coisas do projeto. Gosto muito de pintar quadros, precisa de bastante concentração", explica Ana Júlia.
"Sempre ensino que ajudar o próximo é algo importante. Por isso, tive a alegria de ver minha filha fazer, por conta própria, uma ação social que ajudou o Gpaci", finaliza Thiago.
Doações para o projeto podem ser feitas pelo telefone (15) 98812-8399.
Ana Júlia iniciou o projeto com apenas oito anos de idade
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*Colaborou sob supervisão de Júlia Martins
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