'Estamos em tempo de guerra', afirma pai de estudante de medicina assassinado por policial em SP

  • 11/01/2025
(Foto: Reprodução)
Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, foi morto durante abordagem em um hotel na Vila Mariana, em novembro de 2024. Câmeras corporais usadas pelos PMs envolvidos no crime registraram o momento em que ele foi baleado. Imagens foram divulgadas nesta sexta (10). Marco Aurélio Cardenas Acosta tinha 22 anos e estava no 5° ano do curso de medicina na Universidade Anhembi Morumbi Reprodução/TV Globo O pai do estudante de medicina, morto por um policial militar em 20 de novembro dentro de um hotel na Zona Sul de São Paulo, pediu a condenação dos agentes envolvidos no crime e condenou a conduta da corporação em áudio enviado à TV Globo. O médico Julio César Acosta Navarro contou que descobriu os detalhes de como o filho Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, foi assassinado após assistir às imagens das câmeras corporais dos dois PMs envolvidos no crime noticiadas pela imprensa nesta sexta-feira (10). "Acabei de ver pela televisão como foi executado o meu filho, como foi executado e depois socorrido por esses lixos desses soldados. Quero que saibam que eles merecem a pena de morte. Há pena de morte dentro da lei quando estamos em tempos de guerra, porque estamos em tempo de guerra. Estamos em tempo de guerra da maldade, da criminalidade contra a nação, contra os inocentes. E o uso de arma de um militar contra a nação, contra inocentes, isso traz a pena de morte para o país. É isso o que eles merecem", disse aos prantos o médico. ✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp As câmeras corporais gravaram o momento em que ele é baleado quando estava encostado em um portão trancado de hotel, sem possibilidade de sair, na Vila Mariana. Marco Aurélio chega a dizer repetidamente "tira a mão de mim" momentos antes de ser morto e o policial Guilherme Augusto Macedo, autor do tiro, ameaça dizendo ao estudante "que ele vai tomar [tiros]". As imagens foram anexadas no relatório final do inquérito da Polícia Civil. Câmeras corporais mostram momento em que estudante de medicina foi morto por PMs Nesta quarta-feira (8), após o relatório final o MP denunciou ambos os policiais militares por homicídio qualificado. Na última sexta-feira (3), a Polícia Civil pediu a prisão preventiva do soldado da Polícia Militar Guilherme Augusto Macedo por atirar e matar o estudante. As câmeras mostram que a viatura da PM seguia pela rua quando os agentes viram Marco Aurélio Cardenas Acosta andando sem camiseta. Um dos policiais diz "vamos seguir esse moleque. Só quero ver se ele vai levar uma". Em seguida, é possível ouvir um barulho na viatura, momento em que Marco deu um tapa no retrovisor da viatura. Na sequência, os policiais correm atrás dele e um diz: "Você vai se foder, filho da puta. Deita senão você vai tomar, você vai tomar, deita. Você vai tomar." Já no hotel, para onde Marco entrou, o policial continua a falar "você vai tomar, você vai tomar". No vídeo, é possível ver que o estudante estava encostado no portão trancado do estabelecimento. Ele resiste à abordagem do outro PM, quando é baleado. Mesmo com ele baleado, caído no chão e sem oferecer resistência, o policial continuou a ameaçar o jovem. "Se você se mexer você vai tomar mais um." Marco Aurélio diz apenas "tira a mão de mim". O PM ainda questionou por que o estudante deu um tapa na viatura. No relatório, o delegado Gabriel Tadeu Brienza Viera, do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), afirmou que, apesar de o estudante ter reagido à abordagem policial, o PM "assumiu o risco do resultado morte, porque usou ilegitimamente a arma de fogo para repelir uma suposta ameaça". Ainda conforme o relatório final, as imagens das câmeras corporais mostraram que o estudante tentou entrar no interior do hotel, mas não conseguiu devido ao portão estar fechado. Ele resistiu a abordagem e falou: "tira a mão de mim. tira a mão de mim". "O policial militar que se encontrava no motorista chega para auxiliar na abordagem, mas tem seu pé retido por Marco Aurélio, até que é empurrado e cai ao solo, simultaneamente ocorre o disparo de arma de fogo por parte do outro policial", aponta o relatório. Câmera corporal mostra abordagem de PM que matou estudante de medicina Reprodução PM mata estudante de medicina com tiro à queima-roupa na Vila Mariana, Zona Sul de SP Prisão Estudante de medicina dá tapa em retrovisor da polícia e foge em seguida Reprodução A decisão pela prisão ou não do PM cabe à Justiça. A TV Globo não conseguiu contato com a defesa do PM. O policial já havia sido indiciado no inquérito policial militar (IPM) por homicídio doloso e permanece afastado das atividades, assim como o PM que o acompanhava no dia do ocorrido. Como foi o caso Novas imagens mostram estudante de medicina antes de ser morto por PM em SP Os PMs Guilherme Augusto Macedo e Bruno Carvalho do Prado estavam em patrulhamento pelo bairro da Vila Mariana quando o estudante, que caminhava pela rua, deu um tapa no retrovisor da viatura e correu para o interior do hotel onde estava hospedado com uma mulher. Nas imagens registradas por uma câmera de segurança do hotel, é possível ver que o jovem entrou no saguão sem camisa e foi perseguido pelos policiais. Durante a confusão, o PM Guilherme atirou na altura do peito do estudante. No boletim de ocorrência, os policiais alegaram que o jovem teria tentado pegar a arma de Bruno. O jovem foi levado ao hospital, mas não resistiu ao ferimento. Ele era o filho caçula de um casal de médicos peruanos naturalizados brasileiros que se mudou para o Brasil há mais de duas décadas. Marco Aurélio cursava o quinto ano de medicina na Universidade Anhembi Morumbi. Enterro no Cemitério Gethsemani Morumbi, do estudante de medicina Marco Aurelio Cardenas Acosta, assassinado pela PM de São Paulo. Paulo Pinto/Agência Brasil O pai dele, que é professor da USP, chegou a enviar uma carta ao presidente Lula (PT) criticando a demora da Justiça e do governo de São Paulo na punição dos envolvidos no crime. Na época que as imagens do crime vieram a público, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) que os PMs envolvidos no assassinato foram afastados de suas funções até o final das investigações, mas continuam soltos. Corpo de marco Aurélio, estudante de medicina morto pela PM, foi enterrado em SP Reprodução/TV Globo

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/01/11/estamos-em-tempo-de-guerra-afirma-pai-de-estudante-de-medicina-assassinado-por-policial-em-sp.ghtml


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