Polícia Civil realiza nova perícia com análise de scanner 3D em assentamento do MST que foi atacado em SP
14/01/2025
Ataque ocorreu na semana passada e deixou dois mortos e seis feridos. O caso é investigado pela Polícia Civil, pela Polícia Federal e pelo Ministério Público de São Paulo. Polícia Civil realiza nova perícia com análise de scanner 3D em assentamento do MST que foi atacado em SP
Rauston Naves/TV Vanguarda
A Polícia Civil realizou, na tarde desta terça-feira (14), uma nova perícia no assentamento Olga Benário do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em Tremembé (SP), que foi alvo de um ataque na semana passada. Duas pessoas morreram e seis ficaram feridas no ataque - leia mais abaixo.
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Segundo a Polícia Civil, a nova perícia que foi realizada conta com um equipamento scanner que faz análise 3D (em três dimensões) da área onde ocorreu o ataque.
O scanner é um equipamento de alta tecnologia que permite captar imagens em 360°. Os aparelhos rastreiam a área de investigação e capturam imagens tridimensionais dos ambientes, de corpos, veículos e até de pequenos indícios, que podem passar despercebidos aos olhos dos peritos.
Polícia Civil realiza nova perícia com análise de scanner 3D em assentamento do MST que foi atacado em SP
Luara Castilho/TV Vanguarda
A perícia está sendo realizada pela Polícia Civil em conjunto com o Instituto de Criminalística. Os agentes contam também com a ajuda de testemunhas que apontam aos investigadores como agiram os atiradores durante o crime e direcionam as equipes pelo terreno.
Ainda não há uma previsão de quando o inquérito do caso deve ser concluído. A investigação é realizada pela Polícia Civil, em parceria com a Polícia Federal e o Ministério Público de São Paulo.
Até o momento, um homem de 41 anos, suspeito de ter chefiado o ataque, foi preso pela Polícia Civil. No boletim de ocorrência, o suspeito foi identificado como Antônio Martins dos Santos Filho, conhecido na região pelo apelido "Nero do piseiro". Ele confessou para a polícia que esteve no assentamento, mas negou que tenha atirado contra os moradores.
Um segundo suspeito de ter participação no crime teve a prisão decretada e está foragido da Justiça, sendo procurado pela polícia.
Polícia Civil realiza nova perícia com análise de scanner 3D em assentamento do MST
Polícia Civil encontra carro que pode ter sido usado em ataque a assentamento de Tremembé, SP
Polícia Civil/Divulgação
Carro apreendido
Na noite desta segunda-feira (13) um carro suspeito de ter sido usado no ataque a um assentamento do MST foi apreendido. O veículo apreendido foi encontrado em um terreno baldio no bairro Parque Aeroporto, em Taubaté, cidade vizinha ao ataque.
A placa do carro estava coberta. A polícia científica foi acionada e recolheu digitais no veículo. Ninguém foi encontrado no local e apenas o veículo foi apreendido.
Gaeco vai ajudar na investigação de ataque em assentamento do MST
Gaeco na investigação
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) anunciou, nesta segunda-feira (13), que o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) vai ajudar na investigação do ataque ao assentamento do MST em Tremembé (SP).
O Gaeco informou que o objetivo de atuar em conjunto na investigação com as outras forças de segurança, como a Polícia Civil e a Polícia Federal, “é somar esforços para que o Ministério Público de São Paulo ofereça à sociedade paulista pronta resposta a este episódio de violência”.
A investigação inicial da Polícia Civil aponta que a causa do ataque foi uma disputa por um terreno que faz parte do assentamento.
“Tudo indica que seria um confronto por causa de um terreno existente desse assentamento, mas as informações nesse momento ainda são informações precárias. Precisamos avaliar melhor, ouvir outras pessoas e entender perfeitamente a dinâmica dos fatos”, disse o delegado Vinicius Garcia, da DEIC de Taubaté.
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Buscas por 2º suspeito
O Tribunal da Justiça acatou neste domingo (12) o pedido de prisão temporária do segundo suspeito de envolvimento no ataque ao assentamento Olga Benário do MST, em Tremembé (SP).
O homem foi reconhecido por uma das vítimas que estão internadas e também foi identificado pelo suspeito que já está preso, que apontou a participação dele no ataque. Ele está foragido e é procurado pela polícia.
PF investiga assassinato de 2 pessoas em assentamento do MST no interior de SP
O único suspeito preso, até o momento, é Antônio Martins dos Santos Filho, o "Nero do piseiro". O homem foi preso no sábado, em uma casa no bairro Santa Teresa, em Taubaté, cidade vizinha de Tremembé.
Em depoimento para a polícia, Antônio contou que estava no assentamento na noite de sexta-feira, quando houve o ataque, mas ele alegou que não atirou contra os moradores.
“Disse que a motivação seria uma briga por um terreno existente no interior do assentamento. Disse que foi até o local tirar satisfação; negou que tenha sido o autor dos tiros”, diz trecho do boletim da polícia.
Com Antônio, uma moto vermelha, que teria sido utilizada no ataque, foi apreendida. A polícia alega que o próprio preso confessou que a moto foi usada no dia e que a moto estava suja de barro.
A reportagem não conseguiu localizar as defesas de Antônio. A matéria será atualizada caso os advogados se manifestem.
Valdir do Nascimento de Jesus, de 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos, foram atingidos pelos disparos e não resistiram aos ferimentos.
Divulgação/MST
Ataque a assentamento do MST em Tremembé (SP) deixa dois mortos e seis feridos
Arte/g1
Investigação da Polícia Federal
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) determinou, na tarde deste sábado (11), que a Polícia Federal (PF) instaure um inquérito para investigar o ataque que ocorreu em um assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em Tremembé, no interior de São Paulo.
No ofício enviado para a Polícia Federal, o ministro em exercício, Manoel Carlos de Almeida Neto, citou que houve violação aos direitos humanos das famílias que fazem parte do assentamento.
Ataque a assentamento do MST em Tremembé (SP) deixa mortos e feridos
O ataque
Dois homens foram mortos a tiros e seis pessoas ficaram feridas após serem baleadas, na noite desta sexta-feira (10), durante um ataque a um assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), na zona rural de Tremembé, no interior de São Paulo.
O caso foi registrado na delegacia de plantão em Taubaté e é investigado pela Polícia Civil de Tremembé como homicídio e tentativa de homicídio.
De acordo com o boletim de ocorrência, o crime aconteceu por volta das 23h, no assentamento Olga Benário, que fica na Estrada Kanegae.
Ainda segundo o documento, testemunhas e sobreviventes relataram para a polícia que cinco carros e três motos invadiram o local durante a noite e que as pessoas dos veículos efetuaram diversos tiros contra os moradores do local.
Consta no boletim de ocorrência que Valdir do Nascimento de Jesus, de 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos, foram atingidos pelos disparos, não resistiram aos ferimentos e morreram no local.
Outras seis pessoas que moram na comunidade foram baleadas e ficaram feridas. Os sobreviventes são três homens e três mulheres.
Os baleados foram socorridos e levados para o Hospital Regional de Taubaté e para o pronto-socorro de Tremembé. Não há informações sobre o estado de saúde dos feridos.
O assentamento é regularizado pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) há cerca de 20 anos para o Movimento dos Sem Terra. Segundo a assessoria do MST, cerca de 45 famílias vivem no local.
Assentamento Olga Benário, do MST, em Tremembé, SP.
Rauston Naves/TV Vanguarda
Ministério Agrário emite nota de repúdio
O Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar emitiu uma nota de repúdio, informando que "repudia o crime e manifesta solidariedade e apoio aos assentados da reforma agrária, especialmente às famílias de Valdir do Nascimento e do jovem Gleison Barbosa Carvalho, brutalmente assassinados neste caso".
Ainda segundo a pasta, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, "entrou em contato com autoridades estaduais e nacionais da área da segurança pública para pedir providências e punição do crime que classificou como bárbaro".
Ministério dos Direitos Humanos diz que vai reforçar proteção
O Ministério de Direitos Humanos e Cidadania informou que "está buscando mais informações sobre os fatos ocorridos e oferecerá assistência para as lideranças do assentamento e sua coletividade".
Ainda segundo o Ministério, "o grave ataque contra o assentamento do MST e o assassinato de lideranças soma-se aos alertas anteriores para a urgência de fortalecimento das políticas de proteção aos defensores de direitos humanos que integrem as esferas federal e estadual, os sistemas de Justiça e de Segurança Pública e as redes de proteção".
Em 2025, o Ministério informou que "vai reforçar suas ações para o fortalecimento das práticas coletivas de proteção das comunidades, associações, grupos, organizações, coletivos e movimentos da sociedade civil que fazem a proteção popular desses agentes".
O assentamento do MST que foi alvo do ataque fica na zona rural de Tremembé.
Reprodução/TV Vanguarda
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